Você realmente sabe o que é reforço positivo?

Reforço positivo não é nenhum termo positivo.
Você não vai abrir o livro de ciências e achar o termo “reforço positivo” e você vai, provavelmente, ouvir muita gente falando um monte de termos e explicações que não estão corretas.
Os quatro pilares de reforço positivo:
- O uso de agrados como recompensa;
- Evitar usar intimidação, punição ou medo;
- Entender o real conceito de dominância;
- Procurar sempre entender a experiência do ponto de vista do cachorro.
Juntos, esses quatro elementos compõem o “positivo” em “reforço positivo”. Sem um deles, a filosofia não está completa e o conceito não é tão forte e nem tão efetivo em construir uma relação a longo prazo com seus pets baseada em respeito mútuo, e, principalmente, amor.
Pilar #1 – Agrados como recompensa
O uso desse pilar no reforço positivo já foi discutido universalmente endossado pela comunidade científica comportamental, como o método mais efetivo, duradouro, humano e seguro.
Resumindo, recompensas positivas significam que se você recompensar o comportamento que você deseja, tem uma chance bem maior daquele mesmo comportamento ser repetido. Quando comparado com punição negativa (tirar algo que o seu cachorro goste muito, como comida, atenção, brinquedos ou contato com seus irmãozinhos por um curto período de tempo). Treinadores tradicionais, geralmente, argumentam que reforço positivo mostra fraqueza e falta de liderança, mas a verdade é que os líderes mais respeitados e bem sucedidos, são aqueles que são capazes de provocar uma mudança sem precisar usar força ou humilhação.
Pilar #2 – Evitar punição, humilhação ou medo
Estudos científicos têm demonstrado que o uso de treinamento punitivo não só não funciona a longo prazo, mas, na verdade agrava as respostas agressivas e faz com que os cães agressivos sejam ainda mais agressivos. É um conceito muito simples, mas as vezes pode ser difícil para os tutores (principalmente os de primeira viagem e que estão desesperados) lembrar que combater incêndio com fogo geralmente resulta em alguém se queimar.
Então a ciência comportamental moderna foi contra esse tipo de treinamento, mas, para a maioria de nós, não é preciso que revistas científicas nos digam o que nossos instintos já sabem: recompensar é muito mais humano do que punir uma criatura tão indefesa. Muitos que promovem técnicas de treinamento punitivas argumentam que a punição que “um choquezinho ou um chute na costela do cachorro não são, de fato, prejudiciais”. De fato, há vários graus de punição, e todos devem fazer sua própria escolha sobre o quão longe eles estão dispostos a ir para treinar o seu pet. Mas não é segredo nenhum que as pessoas mais bem-ajustadas preferem evitar fazer qualquer coisa que vá fazer seu queridinho sentir dor ou medo, se eles podem ajudá-lo, independente de quão mínima a punição possa ser.
Pilar #3 – Qual o real conceito de dominância?
A incompreensão do que o dominância e como ele funciona para o cachorro é o único grande desafio que nós temos que enfrentar para podermos proporcionar uma relação saudável e de confiança mútua entre cão-tutor. Qualquer um que tenha ouvido um treinador referir-se que, para ter uma relação de respeito e amizade com o pet, há a necessidade de que ele seja o ”alpha ” ou ” líder da matilha”, testemunhou, em primeira mão, o quão banal o conceito de dominância se tornou hoje em dia.
É certo que, em termos científicos, a compreensão histórica desse conceito se transformou em algo bem complexo – e uns ainda conseguem complicar mais. Em sua forma mais simples, a maneira mais fácil de descrever a questão da posição dominante no que se refere aos nossos cães, é para garantir que você não precisa se preocupar com ele como você provavelmente faz. Os cães não estão em um curso para dominar o mundo, pode acreditar. E eles também não se encaixam no sistema hierárquico que criamos para nós e pusemos eles.
A coisa mais importante para você lembrar é que quando o seu cachorro tem um comportamento inadequado, a chance de ele estar tentando ser o “líder” é muito pequena, sério, bem pequena mesmo. Para te ajudar a entender esse conceito da dominância em cães e te explicar melhor sobre esse ponto bem interessante e importante de qualquer relação cão-tutor, a gente escreveu esse artigo aqui com tudo que você precisa saber sobre isso. Abre ele em uma nova aba pra ler depois, vai valer a pena!
Pilar #4 – Mas e quanto ao ponto de vista do cachorro?
Você não tem como construir uma relação forte com o seu cachorro sem entender, de verdade, como ele sente o mundo ao seu redor.
As sensações estão diretamente ligadas a emoções e essas emoções geram os comportamentos dos nossos pets. Então é bem óbvio que, quando o assunto é entender as capacidades sensitivas de um cachorro, nós estamos avaliando só a superfície. Usar os sentidos dos cachorros para ajudá-los a trabalhar qualquer problema comportamental é um processo chamado “educação sensorial”.
Até por que é bem mais fácil para nós, aprendermos a “falar cachorrês” do que esperar que nossos patudos aprendam português, né. Aprender a interpretar o que eles nos dizem, é fundamental para ter uma base para montar uma relação bem mais forte e achar uma solução para quaisquer problemas comportamentais que ele tenha (ou venha a ter).
A gente só trabalha com reforço positivo!